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Alcança quem não cansa

Um Blog utilizado para a divulgação das obras de Aquilino Ribeiro. «Move-me apenas o culto da verdade, pouco me importando que seja vermelha ou branca.» [Aquilino Ribeiro]

Um Blog utilizado para a divulgação das obras de Aquilino Ribeiro. «Move-me apenas o culto da verdade, pouco me importando que seja vermelha ou branca.» [Aquilino Ribeiro]

Alcança quem não cansa

01
Ago24

ANTOLOGIA _ A1 ( XXI - 44) - LUÍS DE CAMÕES - Fabuloso * Verdadeiro. 1950. Ensaio. «DO BERÇO À NAU S. BENTO» {c. VI de XVIII} * [ vol. I ]

XXI - LUÍS DE CAMÕES - Fabuloso * Verdadeiro . 1950. Ensaio.

Manuel Pinto

CAP VI RESUMO.jpg

... «Emite Storck, partidário esse de Coimbra quanto a berço de Luís de Camões e simultaneamente nútrice espiritual, que não compôs uma única poesia em estilo antigo que se possa datar, com sombra de direito, dos seus tempos universitários. Nem essa, nem outra, excepto a Canção da Despedida. Esta, partindo do princípio que correspondia a todos os predicados exigíveis para valer como testemunho, significaria quando muito que o poeta esteve em Coimbra e lá tomou amores. Descobrir por ela que fosse estudante da Universidade é, mais prodigioso que ver mosquitos na Lua, uma fantasia desorbitada como as de Cirano de Bergerac, antes de cadet da Gasconha romanceador astrológico.
Um soneto ajuntam ao processo os advogados de Camões coimbrão e universitário:
 
        Doces e claras águas do Mondego 
        doce repouso de minha lembrança 
        ... ... ... ... ... ... ... ... .... ... ... ... ... ... 
        De vós me aparto ... ... ... ... ... ... ...
 
Atribui-o porém o Pe. Pedro Ribeiro a Diogo Bernardes, e em geral procede com mão certa e imparcial, ao entregar a suas paternidades as poesias que recolheu no Cancioneiro este amador quinhentista das musas. Nas Rimas Várias e Flores do Lima deparam-se-nos com efeito versos de grande similitude a estes de Camões e até sonetos bordados por inteiro em idêntico pensamento. Mas neste particular todas as reservas se recomendam. Havia padrões para o verso como os havia para a pintura. Camões nestas duplicações ou analogias deve beneficiar da prioridade. De resto, o admirável bucolista que é Bernardes já foi arrastado ao pretório como plagiador de Camões por Faria e Sousa, que não se coibiu de lhe chamar ladrão. Teófilo retomou o encoime à sua conta. Mas depois duma revisão, em que acabou por intervir D. Carolina Michaëlis, o bardo do Lima ficou ilibado ou quase. 
Há com efeito certa semelhança verbal de Camões no soneto Doces e claras águas do Mondego com Bernardes nas seguintes locais das suas líricas:
 
    Eu me parto de vós, campos do Tejo
    Quando menos temi esta partida.
    ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 
    Pequenas esperanças ... ... ... ... ...
    Asinha darão fim à triste vida.
     ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 
    Entanto nunca verá noite nem dia 
    Apartar-se de vós minha lembrança...
 
Ainda noutras passagens se glosa igual sentimento oferecendo a mesma espuma nostálgica:
 
     Brandas águas do Tejo que passando 
     ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
    Já do Mondego as águas parecem...
 
Apresentarem várias localidades do país seus títulos, no processo de reivindicação de Camões como seu natural, é patriótico se bem que monomania bairrista. Com excepção de Lisboa, os argumentos que militam a favor desta ou daquela, pouco perderiam do gume dialéctico endereçados a Bolonha ou Salamanca.»
 
* * * * * 

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